Enchentes no Rio Grande do Sul: efeitos na economia brasileira
26/09/2024, por Redator UniPaulistana
De acordo com Sérgio Vale, da consultoria MB Associados, a economia brasileira deverá reduzir 2%, em lugar de aumentar 3,5% como vinha apontando nos últimos 12 meses até abril. Tal fato, deve ocorrer em decorrência da contribuição da economia gaúcha representar 6,5% do produto interno bruto (PIB) brasileiro, reduzida devido às enchentes no Rio Grande do Sul.
O impacto na economia brasileira da catástrofe ocorrida este ano deverá atingir pelo menos três áreas a saber: o setor agrícola (com a diminuição da colheita de vários produtos), o crescimento do PIB e a arrecadação fiscal. A extensão dos impactos das inundações do Rio Grande do Sul ainda não se tem como quantificar com exatidão, em virtude de as chuvas continuarem a cair naquela região.
Essa situação tem várias consequências, por exemplo, na área política. Muito se tem discutido sobre quais medidas devem ser tomadas e quais valores que devem ser direcionados para o Rio Grande do Sul.
Segundo um estudo divulgado no dia 14 de maio pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), as enchentes no Rio Grande do Sul atingiram 94,3% das atividades econômicas do estado gaúcho.
Arildo Bennech Oliveira, presidente em exercício da Fiergs, relatou que a inundação afetou as principais áreas industriais do estado, prejudicando setores importantes para a economia estadual.
A região metropolitana de Porto Alegre, o Vale dos Sina e a Serra são três áreas afetadas, e estas juntas participam com R$ 220 bilhões da economia brasileira. Estas três áreas reúnem cerca de 23,7 mil indústrias que dão emprego a 433 mil pessoas.
A região da Serra, que inclui cidades como Caxias do sul, Bento Gonçalves e Farroupilha é conhecida por fabricar produtos nos setores metalmecânico tais como, veículos, máquinas, produtos de metal e móveis.
A região metropolitana de Porto Alegre manufatura produtos metalmecânicos, derivados de petróleo e alimentos. A região dos Sinos é popular por confeccionar calçados. Outros segmentos da economia foram prejudicados, como tabaco e químicos.
O banco Bradesco realizou um estudo no qual se calcula que o efeito da crise no estado depois das enchentes no Rio Grande do Sul poderá diminuir o PIB brasileiro em 0,2 a 0,3 ponto percentual.
Por sua vez, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima que o prejuízo causadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul ultrapasse os R$ 8,9 bilhões. Ainda de acordo com a CNM, este montante é constituído da seguinte forma: R$ 2,4 bilhões do setor público, R$ 1,9 bilhão no setor produtivo privado e R$ 4,6 bilhões especificamente nas habitações destruídas.
O Rio Grande do Sul contribui com 12,6% do PIB agrícola brasileiro.
A agropecuária será um dos segmentos que mais sofrerão com as enchentes, conforme o banco Bradesco. Podendo ocasionar uma redução de 3,5% do PIB agropecuário.
A logística pode impactar na redução do agronegócio, pois influencia o escoamento da produção assim como impossibilita a chegada de matérias-primas. Este é uma dificuldade relevante para os setores de laticínios e de carnes, segundo um documento do banco Bradesco.
A importância do Rio Grande do Sul pode ser percebida ao se verificar sua contribuição na produção nacional: 70% da produção do arroz do país, 15% de carnes, 12% da produção de frangos, 17% da produção de suínos, 15% da produção de soja e 4% da produção de milho.
As enchentes no Rio Grande do Sul elevaram a cotação da soja na bolsa de Chicago, onde chegou a subir 2%. No Brasil, em virtude da elevação do preço do arroz o governo resolveu importar o produto para evitar mais problemas.
Há um receio de que os preços da carne de frango e da carne suína também venham a subir. Para aliviar um pouco a situação, 70% da colheita de soja e 80% da produção de arroz já tinham sido colhida.
No entanto ainda há duas questões a serem respondidas: quanto do que não foi colhido foi prejudicado pela enchente? E se a quantidade armazenada nos silos foi perdida ou não. O banco Bradesco calcula num dos piores cenários que 7,5% da safra de arroz e 2,2% de soja do Brasil pode ter sido afetada. Para piorar ainda é possível que o Rio Grande do Sul sofra influência, este ano, do fenômeno La Niña (período de seca).
Outro tema que está em voga é o efeito da enchente no Rio Grande do Sul nas contas do governo federal, e consequentemente no déficit governamental. Diante da calamidade que ocorreu no território gaúcho, o governo federal terá de ajudar com vultosas quantias, elevando ainda mais o déficit federal.
Ao analisar os estudos apresentados pelo banco Bradesco, Confederação Nacional dos Municípios, da consultoria MB Associados e Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) o professor Álvaro Francisco Fernandes Neto, doutor em Administração e professor dos Cursos de Administração, Ciências Contábeis e Recursos Humanos da UniPaulistana, comentou que o estudo realizado apresenta alguns efeitos na economia brasileira e mundial da enchente no Rio Grande do Sul, demonstrando a relevância da economia gaúcha para o Brasil e para os diversos sistemas aqui instalados.
Além disso, contribui expressivamente para a necessidade de elaboração de cenários, por parte das empresas brasileiras, para evitar ou pelo menos minimizar efeitos negativos vindouros.
Professor Álvaro Francisco Fernandes Neto.
Doutor em Administração e professor dos Cursos de Administração, Ciências Contábeis e Recursos Humanos da UniPaulistana.