Desigualdade de gênero: ser mulher ou ter carreira?
26/09/2024, por Redator UniPaulistana
Apesar de algum progresso nos últimos anos, ser mulher, com todos os papéis que culturalmente lhe cabem e ter uma carreira promissora é quase uma comparação ainda antagônica, afinal, muitas precisam encarar a desigualdade de gênero em diferentes esferas sociais.
As pesquisas indicam que em média, as mulheres são maioria em graduações de nível superior, somando cerca de 4% a mais do que homens, segundo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, se a comparação for em algumas graduações específicas onde a presença masculina era maioria, essa vertente se transformou consideravelmente nos últimos anos, como no curso de Ciências Contábeis por exemplo, onde se pode ver tal cenário no dia a dia das instituições de ensino.
Mas apesar dos dados, cargos mais elevados ainda são minorias ocupadas por mulheres, devido ao chamado “teto de vidro”, são barreiras invisíveis que dificultam uma mulher concorrer em igualdade com homens. Ou seja, obstáculos e desafios que são impostos a uma mulher para que ela cumpra, que não são igualmente determinados a homens para ascensão na carreira.
Quando a mulher consegue alcançar certa posição na empresa, ainda tem que encarar a diferença salarial com os homens.
Em 2023, de acordo com IBGE, a remuneração da mulher, comparada aos homens, chega em média a ser 20% menor. Mesmo havendo legalmente proibição quanto a não equiparação salarial por distinção de gêneros.
Essa ainda é uma realidade. Em março de 2023, o Governo Federal publicou um Projeto de Lei (PL) 1085/2023, que foi transformada em lei em novembro nº 14.611, que implica em penalidades de multa de até 10 vezes o salário devido corretamente para à pessoa discriminada e também criação de mecanismos de fiscalização quanto ao cumprimento da regra.
Tais medidas são fundamentais, porém ainda insuficientes, pois o que se nota na prática, são mulheres ocupando cargos inferiores aos homens, com salários menores, mas exercendo muitas vezes, trabalhos em proporções muito maiores e até mesmo de mais responsabilidades, essa é uma forma de driblar a discriminação de gênero, disfarçando as diferenças de tratamentos.
Outro ponto que abarca grande discussão, é quando a mulher resolve, paralelamente, optar pela maternidade, ainda muito mal vista por algumas empresas. Relatos apontam que mulheres tendem a ser colocadas “na geladeira”, ou seja, deixadas de lado, até mesmo perdem seus cargos conquistado com muita dedicação por anos e anos, ou então, são demitidas com desculpas do tipo de que a empresa mudou de departamentos ou extinguiu cargos.
Os dados são alarmantes, segundo dados da Empregos, publicados no Valor Investe, cerca de 56% das mulheres perdem seus empregos após a licença maternidade.
Quando estão à disposição para se reintegrar no mercado de trabalho, perguntas como: “se seu filho adoecer, como fará, uma vez que está trabalhando?” ou “pretende ter mais filhos?” são feitas nas entrevistas de empregos. Tais questionamentos não são feitos aos homens concorrendo a mesma vaga. Explicitando as diferenças de tratamentos.
Na área judicial, foi preciso a publicação em 2021 pelo CNJ- Conselho Nacional de Justiça, de um Protocolo para Julgamento com Perspectiva de Gênero, para se reduzir os casos de discriminação feminina dentro dos tribunais, que dentre outras coisas, definem tratamentos para as mulheres nas lides trabalhistas sobre desigualdades e assimetrias.
Fato é que diversas empresas têm se mobilizado em criar culturas ante segregação de gêneros, com políticas internas mais equânimes. Não é possível generalizar as más posturas, porém, ainda é preciso a criação de legislações e protocolos para se minimizar os efeitos negativos que essas condutas sexistas causam.
Esse assunto precisa ser tratado, divulgado e amplamente debatido, para que possa ser percebido por um número maior de empresas, diminuindo assim a discriminação feminina no desenvolvimento de suas carreiras.
Vez que a mulher busca com tanto afinco essa projeção na carreira, realizando mais formações e dedicando cada vez mais ao trabalho, e precisa ser reconhecida por seu esforço, atingindo cargos de liderança em grandes empresas. Mas essa luta está longe de terminar.
Priscila Maluzza Pissinato,
Contadora e professora do curso de Ciências Contábeis no Centro Universitário UniPaulistana.